“Um homem tem morte súbita, dois meses antes do nascimento do seu único filho. Assim nasce este blog. Tentando entender e explicar dois sentimentos opostos e simultâneos vividos pela viúva e mãe que, no caso, sou eu. Muitos questionamentos. Muitos raciocínios. Muito aprendizado. E uma pressa em falar para o Francisco sobre seu pai, sobre o mundo e sobre mim mesma (só por garantia).”

Um dia eu estava na livraria e vi lá aquele livro de capa branca, só escrito “para Francisco,” na capa e fiquei muito tentada a comprar e saber do que se tratava. Só reconheci a Cristiana do blog dela Hoje Eu Vou Assim mas nem sabia daquele outro blog, o da descrição acima. Comprei, devorei em um dia. Chorei, ri, me emocionei.. e pronto, se tornou meu livro preferido pra vida inteira. Nunca tinha lido coisas que conseguiam exprimir realmente tanto amor assim! Acho que vale a pena, muito. A Cris perdeu o companheiro quando ela tinha 36 anos, e estava no sétimo mês de gravidez. Pra não perder as lembranças com o tempo, criou o Para Francisco como um blog/livro de memórias, pro Cisco ter lembranças daquilo que ele nunca teve.

— Meu pai comeu muito sal e morreu, Vovô. Eu quero um pai sem morrido.

Eu fiquei muito triste que o meu Papai morreu. Fiquei muito bravo porque ele tá "morrido".

francisco

Hoje é aniversário dela :) Uma das grandes mulheres que vou adimirar pra vida inteira. Parabéns, Cris!

Hoje foi meu primeiro dia de aula no cursinho! Cursinho só de exatas, três vezes por semana e duas horas cada aula. Muito cansativo e muito massante. A “escola” é de um professor que dava aula em uma das maiores escolas daqui de Uberlândia, aí abriu o seu próprio negócio. Todo mundo fala que ele é digníssimo e que ensina muito bem… e que ele consegue fazer quem tem exatas como ponto fraco, realmente entender como se faz as coisas e tudo mais. E o povo da minha sala tem cara de nerd. (todos)

Reencontrei lá no cursinho uma amiga que estudou comigo quando eu estava no ensino médio.. na verdade éramos colegas desde a quarta série mas foi no ensino médio que ficamos mais amigas. Ela é muito especial! Fiquei muito feliz de tê-la novamente como colega de sala =) Ainda é meio estranho encontrar pessoas que fizeram parte do meu “passado” porque sempre rola aquele estranhamento de “agora a gente é grande”. A gente ficou de papo um pouco e o que mais achávamos graça é de ver o povo casando! Gente que estudava comigo… casando!!! Gente, tenho só 18 anos, é cedo heim. Hahahahahaha

Enfim, preciso me acostumar novamente com o ritmo desse batidão. Afinal, 1 ano e meio sem ter que fazer exercícios de álgebra.

Quando eu era bem pequena me adiantaram na escola, o que me fez terminar o ensino médio com 16 anos. Aqui na minha cidade eu prestei vestibular desde o primeiro colegial (vestibular seriado – PAIES), vestibular seriado. Ou seja, comecei a ser pressionada com essa torturinha vestibular desde os 13 anos de idade. Eu acho que ainda gosto desse sistema de vestibular seriado mas confesso que concordo com a minha mãe com ela achar que começamos a ser pressionados desde muito cedo.

Quando terminei o terceiro ano, não passei no PAIES. Prestei jornalismo na federal, pra primeira turma, tinha acabado de abrir o curso. (hoje em dia agradeço por não ter passado). Aí fiz 6 meses de cursinho e no meio do ano prestei enfermagem. Confesso que ainda não entendo muito porque prestei, acho que foi uma escapatória pra não prestar medicina (é/era meu sonho). Enfim, curso concorrido demais e esforço de menos, não passei.

Depois dessa não-aprovação em enfermagem eu vi minha vida mudando completamente de rumo em questão de dias! Eu era a Isabela de 17 anos que fazia cursinho e só, e semanas depois eu já trabalhava num studio fotográfico e cursava design gráfico na faculdade.

Fiz um ano de curso e larguei semana passada. Por inúmeros motivos, percebi que tinha mais razões pra não continuar do que ficar. Acho que semana que vem já começo o cursinho de exatas e no fim do ano vou prestar design de interiores na federal aqui. Design de interiores (decoração) era o curso que eu tinha em mente até mais ou menos metade do meu terceiro colegial. Isso me faz sempre vir o pensamento de “eu devia ter prestado isso no PAIES” porque tenho quase certeza que eu teria passado, porque na época foi mais fácil entrar pra design do que pra jornalismo. Só que esses dias conversando com a Natalia eu percebi o quanto eu SÓ ganhei nesse tempo que eu poderia pensar que “perdi”. Não tem como nem contar quantas pessoas eu conheci nesse tempo, quantos eventos eu já fui que me propiciaram de tudo. Até ser “modelo” em um anúncio (sou a da bocona aberta aí) eu já fui, e a pessoa que me convidou eu conheci através de contatos que eu fiz na faculdade. Já ganhei vários clientes e jobs também. Sem falar no tanto de amigos que eu fiz, e quantas pessoas preciosas eu conheci.

Esses dias um amigo meu passou pra psicologia na federal, e no trote dele eu fiquei um tempo conversando com os donos da escola onde ele fez cursinho. E ele me disse uma coisa muito sensata. Talvez se eu tivesse entrado na faculdade com 16 anos, assim que terminei o ensino médio, seria muito diferente e talvez nem aproveitar direito eu iria. Eu cresci nesse tempo, por mais que nem seja tanto tempo assim hoje eu me vejo muito mais madura até mesmo pra ter disciplina pra estudar pro vestibular!

Esse assunto tem me feito pensar que nenhum tempo é perdido. Cada dia é vivido com a intensidade que a gente mesmo coloca nele. E sei lá, acho que a última coisa que eu posso pensar sobre nesse exato momento eu não ser uma universitária, é que eu perdi meu tempo nesses meses.